As últimas primaveras de Rolds - A primeira morte.

 Hoje desci ao inferno pela primeira vez depois de muitos anos, muito apropriado para uma sexta-feira, 13. Sei que andei me matando mais do que eu já estava morrendo, mas não mereço esses tiros na cabeça. Há dias minhas noites parecem intermináveis e ao mesmo tempo que ela permanece na minha cabeça como um sopro de felicidade, também permanece como um grito de decepção.
 Eu fui usado, humilhado e destruído por causa de uma mulher, todos os meus níveis de falência eram como cervejas perto de uma grande garrafa de absinto e os tratados de alianças foram desfeitos porque a minha fé sobre o que éramos um para outro estava cada vez mais se tornando incrédula, uma vez que eu continuara sendo seu segredo e provavelmente se eu quisesse permanecer com ela, seria assim para o resto da minha vida e em relação a ela, eu não estava disposto a me contentar com essa migalha ridícula de não ser nada diante da vida dela, mas debaixo de seus lençóis ser o homem que ela nunca teve na vida. 
 O sexo incrível me lembrara o doce cheiro da sua boceta que me fazia desejar chupá-la por horas sem reclamar. Seu corpo perfeito, me lembrara o quanto eu não precisava me focar em outras mulheres, sua maneira de conduzir nossa "relação" quando estávamos juntos era perfeita, mas não passava dos metros quadrados do meu quarto. O Universo é um filho da puta sacana e esperto, esperou que eu baixasse a minha guarda que tanto mantive intacta e impenetrável e me deu um tiro no peito. "A confiança é uma mulher ingrata que te beija e te abraça, te rouba e te mata", desde o princípio eu sabia que ela era encrenca, encrenca em dobro, mas também sabia que ela tinha um bom coração, ou pelo menos apostei todas as minhas fichas nisso e acabei perdendo quando ela sacou de sua mão um Royal Flush, nesse exato momento, ela fez meu coração sangrar e ele sangra muito, eu estou tentando permanecer no jogo, mas a cada mão, um ataque, não diretamente dela, mas de todos que estão em volta da mesa e não sabem que ela foi a minha aliança mais sincera, talvez até saibam, mas apenas da minha parte o que me deixou propício a ser bombardeado por todos na tentativa de desmascararem aquele lindo rosto a qual eu me encontrava perdidamente apaixonado, tudo para me verem humilhado sobre seus pés de dedos curtos e separados e conseguiram com presteza.
 Eu a amo, mas ela me mata a cada dia com seus termos e suas posições e eu estou assistindo meu funeral ao som de "I don't want to miss a thing - Aerosmith".
 Dormi tentando perdoar a decepção da noite passada, mas acordei com mais uma, não hesitei em despejar sobre uma das minha canecas de coleção uma dose bem forte de Vodka matinal com suco de laranja, eu sou a definição perfeita de tudo o que um ser humano não deve fazer em dias de paixões tempestuosas, sabendo das minha condições de Algor Mortis as variáveis não estão ao meu favor e eu estou em total decadência. O tempo está sendo covarde comigo, pois enquanto me matam, o relógio parece não descansar e me dar menos um minutos para me manter de pé em tentativa de defesa ou contra ataque, contudo, enquanto morro, o relógio não move um nanômetro de distância entre os dois núcleos de hidrogênio.
 Está na hora de começar a me manter apenas com o que quer me manter prioritariamente vivo em sua vida antes que tudo acabe e eu já esteja em Rigor Mortis, pois eu já morri, fui até o inferno e ressuscitei, não posso deixar que eu retorne para aquele lugar.

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