Eu não posso mais olhar pra trás.
As noites brilham mais que o sol, mas não há tanto barulho para atrapalhar o que se passa na cabeça de um homem destruído pela guerra durante a noite, não importa qual guerra tenha enfrentado, ninguém volta o mesmo de lá. Eu vi a morte todos os dias e todos os dias ela estava lá, com um cigarro na boca, amolando a foice e dizendo que eu não iria mais desdobrar, um minuto é o que importa.
Bebi demais, fumei demais, fodi demais cada metro quadrado da minha cabeça e acabei perdendo a noção do tempo, o desespero corrói o ser, mas a conduta define o homem, assim eu fui adestrado e assim morrerei, acreditando fielmente que a conduta define o homem. A minha tem sido desafiadora e indomável, eu estava na lona, mas dessa vez, somente dessa vez, eu não consegui levantar e as vozes de todos eles estavam lá.
Ao meu querido e fiel amigo, Rabujo: Eu vi seus olhos molharem a pele como se todo o meu inferno fosse dele, como se aquela tortura também fosse a dele e nem por um segundo ele abriu as portas do inferno para ir embora e disse adeus, ele esteve comigo a cada segundo do meu desespero constante de não suportar mais que me tirassem vidas.
Ao meu querido amigo, Itim: Que não me deixou esquecer das grandezas e conquistas obtidas pela força e pela família. Aquele que rompeu o tempo e enxugou as minhas lágrimas sem que elas sujassem o piso de sangue, quando eu mais sangrei.
Aos meus amigos, Marcio, Polly e Vini: Que assistiram a toda destruição e caos que causei e mesmo vendo a trilha de sangue e hematomas que deixei pelo caminho, ainda sim continuaram me ver lutando e me levantaram sempre que eu cai sem força no chão gelado daquela noite avassaladora.
Ao meu grande e velho amigo, Nigrinho: Que se dispôs a atravessar milhas e deixar sua família no momento em que eu precisava dele para lutar comigo nessa guerra, sem medo de ser baleado. Extinguindo qualquer medo que podíamos sentir e qualquer ato que eu poderia cometer por não encontrar mais sentindo em continuar no campo de batalha.
Eu cometi mais erros do que posso contar e todos os que estavam ao meu lado, viram minha onda de ira, revolta, minha fúria dolosa, minha tristeza, minha fraqueza, enfim, a destruição em massa que eu causo e que eles sempre temem, me viram literalmente no chão depois de tudo o que eu havia feito.
A minha amiga e lutadora excepcional, May: Que brigou insistentemente para que ninguém me deixasse parar, que estava a todo tempo segurando minha mão, mesmo quando eu não conseguia sentir seu tato, ela foi perseverante.
À Vic, minha pequena Audrey Hepburn que com toda sua doçura, amor e calor corporal, conseguiu me fazer dormir sobre seu colo quando meus olhos se recusavam a descansar.
Aos meu calouros, amigos próximos e à minha família que habita comigo nesse manicômio cômico e irreverente que nossa casa.
Eu devo esse segundo recomeço à todos vocês que fortaleceram meu ki.
Deixo essa nota de repúdio para ser grato ao meu refúgio quando eu não conseguia caminhar até ele. O Pervertido não morreu, mas precisou de todo esse tempo e dessas pessoas para curar mais essas feridas que tatuarão na minha pele, novas cicatrizes extremamente delicadas.
Você foi, é e sempre será o nosso "azuzim", talvez não seja de nobres famílias, mas sempre será meu sangue azul. Independente de tudo, vc é meu exemplo de força, superação, determinação e mil e uma funcionalidades. Sempre o amarei e o acolherei, e suas dores também serão as minhas. 💙❤
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