As últimas primaveras de Rolds - O fechamento do primeiro ciclo.

O primeiro ciclo se encerrou e com ele uma parte de mim. O tempo não se estende da forma como desejamos, nesse caso, é necessário adaptar-se.

Noite passada você me disse adeus e eu bebi toda aquela garrafa de Passaporte Scotch em resposta, meu quarto fedia a álcool, cigarros e um jovem quase morto. Não me lembro a hora em que eu dormi, porque já faziam dias que não sabia o que era isso, depois da sua despedida inesperada, eu tive que me distrair me matando, não importo muito, porque aqui eu não tenho ninguém a quem me importa e ninguém que se importe. O dia amanheceu frio e eu pedia temperaturas mais baixas, com meu sorriso sínico no rosto, afirmava estar tudo bem, nunca fui muito de falar quando penso, hoje me mantive mais calado que o normal. Minha cueca branca arremessada do outro lado do quarto, meus quadros tortos e meus livros desalinhados denunciavam meu estado de decadência, mas estava tudo bem.

10:00am, as horas se tornaram torturadoras porque o tempo parecia ter congelado, me sentei na cama e encostei minha cabeça no espelho tentando encontrar dentro de mim algum preenchimento que me deixasse mais forte do que eu mentia estar. Então sentir eclodir de mim o primeiro soluço, desesperado, por não ter encontrado nada, vazio como uma armadura de um museu. É a primeira vez que citarei nessa porra alguns nomes da minha vida real que fazem parte de tudo o que vocês leem, Alan, Leonardo, Pedro e Manu (Nanu), meus compadres e comadre, as pessoas que escolhi passar o resto da minha vida repleta de caos e merda, eles foram até mim no meu choro que você deixou, ficaram até quando sentiram que eu precisava voltar ao meu habitat natural, o meu canto só. Ainda com a cabeça encostada no espelho e pensando em mil coisas a qual não consegui associar nada, lembrei de quando você estava presente, certamente o caos passava longe de mim, você foi o ser humano mais feliz que eu já conheci e teve a audácia de partir, meu punho partiu o espelho e o espelho partido, partiu o maior órgão do meu corpo em resposta para me fazer enxergar que estava chovendo lá fora e eu nem havia percebido. Me dei conta então que estava na hora de tomar uma decisão, deixar tudo o que amo e ficar quieto no meu canto sendo o meu próprio apocalipse ou agarrar a tudo e todos os que amo que não são muitos e conquistar aquilo que quero amar, logo veio na minha mente a "Dona da minha dor de cabeça" , aquela que ultimamente tem sido o meu jogo mais arriscado e interessante, no entanto aquela que eu queria conquistar em resposta, assim que seu nome ecoou no meu subconsciente logo rebobinei o meu presente com o meu passado e todos que ali estavam escrevendo para mim a história que eu vos conto todos os meses. 
"Você nunca morre até perder algo relativamente importante pra você ou para sua existência."(Diário de um pervertido). Hoje eu morri mais uma vez, mas preciso ressuscitar através de tudo aquilo que quero imortalizar.

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