O monstro do inverno.
Pedra, papel ou tesoura?
Pedra, papel ou tesoura?
Parecia uma ótima forma de fazer o tempo passar, mas hoje, talvez olhar para o tempo, exija de nós, certa sensibilidade, a vida por si só, exige! Meia légua de nada concreto, nada vívido e está tudo bem, não há um ano sequer que eu não me preencha de tudo isso. Tenho andado tão ocupado ocupando espaços, ocupando vazios que não eram meus, mas esqueci de atender ao meu vazio sanitário.
Esperar é privilégio de quem pode, não sinto inveja disso, mas confesso estar exausto. Tão exausto e tão ocupado que se quer percebo o suor que escorre o tempo todo do meu rosto. E eu esperei por muito tempo que alguém pudesse me estender uma toalha de rosto, para enxugar tudo o que escorre de mim. Tolo, não? Demorei para entender que não sou do time de privilégios, mas como disse, não invejo isso. Achei que a estrada se tornaria larga e curta à medida em que andava rumo a normalidade, mas na realidade, a cada passo, mais longe ficava o calor de um abraço e quanto mais longe eu conseguia ir, mais frio era o ar, a umidade caia e elevou dentro de mim uma vizinhança barulhenta, turbulenta, sem qualquer segurança, o subúrbio perturbado de um homem só.
Cobro de mim lembranças que nunca tive, talvez eu tenha merecido que tudo isso tenha sido arrancado de mim antes que eu pudesse viver, mas de certa forma, isso não me faz esperar tanto e para aquecer-me desse frio, tive que recorrer ao calor dos meus ossos cansados. Aquilo que teve que crescer dentro de mim, é tudo o que tentaram matar, o Monstro do inverno.
E quanto mais o monstro do inverno caminha, mais é ceifado seus pés que mesmo em carne crua, não pode parar de caminhar, certa hora, o relógio vai parar e de mim sobrará apenas aquilo que tentaram fazer, moldar o amoldável para que o mundo veja o que nunca foi real.
Tic-tac, tic-tac, tic!
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