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Eu nunca pude me dar ao luxo de desistir, tenho cumprido esse papel de forma formidável durante os anos, mas os últimos meses têm acabado comigo. A deficiência imunológica veio cobrar aquilo que eu fiquei devendo, mas ainda não terminei o que tinha para fazer, minha tarefa nem de longe foi cumprida. Tenho escrito para todos vocês de forma não cronológica para que vocês não me encontrassem no tempo, mas hoje, decidi que o diário desse pervertido fosse totalmente integro ao agora, porque nessas andanças pelo tempo, eu me perdi no passado e ainda preciso lutar mais uma batalha. Espero que você esteja bem confortável ao ler isso, porque eu gostaria de estar se tivesse lendo. 

 Chorar nunca foi do meu feitio, mas o que seria de um ser humano sem lágrimas e o que seria de mim sem as marcas de bitucas de cigarros marcando o teclado desse computador? Perdi muitas coisas no caminho e evitei encontrar coisas novas por medo de perdê-las, mas você apareceu sem que eu pudesse controlar, eu não quis dizer "eu te amo" enquanto te fazia rir para deixar as coisas fluidas e normais, mas às vezes despedidas também são um eu te amo e a minha despedida não cruzou seus olhos, seria muito egoísmo meu querer que nossos olhos se cruzassem quando no fim do percurso dos meus globos oculares tivesse um adeus? Você foi a minha valsa e o meu hip-hop sem que eu soubesse dançar e você dança tão bem que quase nunca consigo parar de te ver transitando embalada pela musica tocada. 1.000 mulheres depois do meu recomeço árduo, você deveria ter sido a primeira e eu poderia ter evitado 999 pessoas sem sentido nenhum para mim, mas ainda passo a noite lembrando dos seus pés se movimentando sobre o chão e o seu corpo tão leve no que faz, na minha cabeça, você tem passado em câmera lenta, tão lenta que nem percebi o tempo passar, eu não quis dizer "eu te amo" enquanto te fazia rir, eu só queria você ali.

 Mais um gole, mais um trago, mais uma estrofe em que não conseguirei fugir de você, em que não conseguirei fugir de mim, em que não conseguirei fugir do que tenho que fazer. 

 Minha irmã me mandou uma mensagem há alguns dias atrás e nela dizia: 

"Você sempre se sacrificando meu amor. Eu acho que nunca precisei tanto de você como agora ler isso ameniza minha dor e conforta o meu coração. O coração em cacos, uma sensação de angústia e medo sem fim, me sinto sem forças faço tudo no automático, rio para disfarçar a minha dor. Mas um dia vamos nos reerguer sabendo que não vai ser a mesma coisa, mas vamos conseguir sempre juntos de mãos dada,s não importa o que houver seremos um pelo outro, sempre e para sempre.

Eu te amo e nunca vou te abandonar ❤"

  No fundo, ela sempre soube que eu lutaria contra qualquer coisa para mantê-la bem, até mesmo abrir mão da minha vida e você chegou cheia de vida. Cheia de bagagens que nunca fez questão de abrir as malas e eu nunca fiz questão de arrombá-las. Dessa vez a história não é sobre sexo, sobre orgasmos, sobre qualquer coisa que vocês enfatizam como prazeroso. Dessa vez a história é sobre como um pervertido desviou seu olhar para uma única mulher, no momento mais doloroso da sua vida e mesmo tendo que lutar de novo, não queria ir sem um adeus. Que injusto! Dessa vez minha viagem é para longe demais para que se possa alcançar, o meu sempre e para sempre continuará vivo e além dele, você também, o seu sorriso também, a sua dança também e antes que essa ampulheta derrame seu último grão de areia, eu quis dizer adeus, eu quis dizer que amo, eu quis dizer que sinto, que vivo, que luto, que choro. 

 Deixo nessas palavras o meu adeus mais formidável, aquele que eu não poderia fazer tão bem se não fosse assim e quando eu for a nocaute, prometo me lembrar, no último minuto do teu sorriso que assisti do jeito que você pode me mostrar. 

Por entre essas doses de álcool e as cinzas espalhadas pelo quarto, deixo uma das melhores partes de mim em que eu tive que desistir, you!


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