Diluído

  Nessa terra quente não há vestígios de chuva há muito tempo. Engraçado! meu pés estão suando como um porco, mas insisto em lutar contra o arrepio congelante que assola essa noite, sinto frio. Talvez seja apenas um reação à tudo o que eu não tenho conseguido controlar, as baixas temperaturas da noite, têm sido um ótimo gole de desculpas. Um homem na minha posição, não pode mais se dar ao luxo de abaixar a guarda, eu me flagrei irado, por sequer pensar no quão sufocante é ver não te ver fazendo algo. Como pude ser tão falho após tantos anos me lapidando para evitar que erros fossem cometidos, estou velho, mas não tão sábio, será essa ânsia, a minha maior falha? Será essa minha ânsia, a minha assassina de aluguel?

 Sempre que eu te vejo romper o papel das nossas palavras disfarçadas de promessas, sinto-me no dever de olhar para o meu passado na tentativa falha de me situar num presente onde você não está e isso é tão doloroso, essa porra toda é tão dolorosa. Será esse o maior mau da humanidade? Carregar o fardo de sempre esperar desesperadamente por algo, espectrando seus desejos mais profundos em outro ser? Quando chegamos ao ponto de conseguirmos refletir sobre esses questionamentos, pode ser que, seja a hora de arrumar as malas, mas eu não consigo fechar a porta.

 Levei tanto tempo para chegar até aqui, até você, no fim das contas, cheguei a lugar nenhum e me perdi nas profundezas das tuas pernas, sem se quer ter gozado do teu corpo, do teu rosto, do teu jeito. Servi de alimento para suas dores e você se quer enxergou tamanha devoção, não que haja a necessidade de retribuição, aceitar ser seu cão adestrado, com tanto que esteja descrito nas cláusulas do nosso contrato. Já posso me decompor? 

 Saiba que não importa o quão alto voe, se me quiser ao teu lado, eu criei a mais incrível das maquinas aladas para acompanhar teu passeio pelo céu e ver lá de cima o quão grande nos tornamos, miseráveis, mas acima de tudo justos com si mesmos.

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